sábado, 29 de dezembro de 2007

Mais uma lição do mestre...

Numa ida despretensiosa à locadora acabei alugando um filme que queria ver desde que saiu em alguns poucos cinemas no ano de 2004. Um filme que conta com um elenco de atores renomados, diretor bem falado e texto de Shakespeare não poderia ser uma má escolha. Das prateleiras da locadora Popular para o meu aparelho de DVD saiu "O mercador de Veneza".

A princípio surpreendi-me com uma atuação deveras mediana de Al Pacino como o agiota judeu Shylock, mas depois de algum tempo de filme, compreendendo o real tormento da alma de Shylock as coisas melhoraram um pouco. Um pouco. Já Jeremy Irons (Antonio) e Lynn Collins (Portia) - de quem nunca havia sequer ouvido falar - tiveram bons momentos, principalmente Collins.

O filme deixou um pouco a desejar por não conseguir aliar a rapidez do desenvolvimento da história e a clareza, porém isso fica compreensível quando se considera que as peças de Shakespeare definitivamente não foram feitas para durar apenas duas horas. Pressa não era um dos elementos base no desenvolvimento de suas histórias.

Ao voltar na locadora para devolver o filme, me deparei com "A megera domada" (1967) estrelando Richard Burton e Elizabeth Taylor. "Imperdível", pensei logo de cara, aproveitando então o embalo shakespeariano, loquei.

As atuações são pouco atraentes aos olhos, não pela falta de qualidade, mas pelo contexto retratado. Interessante foi notar a preocupação em manter o "deboche teatral" de Shakespeare. Exageros que seriam inaceitáveis nas telas de cinema foram admitidos por fidelidade à obra. Algumas coisas, porém, passaram dos limites do meu gosto. Um filme muito bom para quem tolera o vocábulo prolixo de Shakespeare e as imagens recauchutadas de filmes antigos.

No entanto, como diria o próprio Shakespeare: "Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia". E nesses dois filmes seguidos foi que muita coisa sobre o camarada autor me saltou aos olhos.

Louvamos sua genialidade com as palavras, mas talvez no nosso pouco conhecimento deixemos passar algumas características fantásticas de sua obra. Eu, particularmente, sempre percebi Shakespeare como um cara um pouco sacana que gosta de uma piadinha suja por debaixo dos panos (pelo menos para nós, meros cidadãos do futuro). Um humor notávelmente popular e rude. Mas o que eu nunca havia notado era como essa robustez levemente se dissolvia em mensagens brandas e de bons costumes. Me parece que suas obras sempre julgavam ter algo à acrescentar. As figuras do amor, da fidelidade, da amizade e da justiça têm sempre grande destaque e, apesar de fugir da dicotomia exagerada entre o bem e o mal, o triunfo dessas características é sempre evidente. Mesmo nos tristes fins.

Shakespeare talvez possa nos ajudar a compreender, dentro da ótica cristã, o que é cativar um público e passar uma mensagem sem "agressões" psicológicas e obviedades. E bendito seja ele se o fizer!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

Vivendo e... com a pulga atrás da orelha!

Puxa vida... como eu entendo tão pouco desse negócio de teatro e cultura...

Ao ler pela primeira vez o post de um amigo no Orkut sobre o antropofagismo cultural proclamado por Oswald de Andrade e O TAL do grito quadrifônico da independência, confesso que pensei comigo mesmo: "Hein??? Entendi não... mas falou bonito." haha Daquele jeitinho mesmo que eu acho que nunca deve ser feito... rs

Resolvi na minha cabeça que antropofagia era uma palavra bonita pra se lançar no meio de uma discussão sobre teatro. (o.O)

Pesquisar que é bom... NADA! Até agora... 1:00h da manhã de sexta para sábado quando resolvi procurar no google e ler o bendito Manifesto Antropofágico... Santa ignorância essa minha... Confesso não ter entendido metade das coisas. Isso me levou a pensar:

Se eu tivesse respondido alguma coisa menos vergonhosa do que "li somente um livro esse ano" naquela enquete (da comunidade) talvez eu estivesse mais por dentro...

Enfim, isso só serve para confirmar que a idéia que surgiu de criarmos um grupo de estudos teatrais está cada vez mais necessária para me atualizar.

Se você, como eu, não tem a menor da idéia do que seja o Manifesto ou do que viria a significar antropofagia nesse caso... taí a transcrição do tal do Manifesto da Pulga atrás da orelha... Quem quiser que me acompanhe...

Ainda tem muito o que aprender e eu sou o primeiro na fila agora...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Incurável

Me percebo incurável de um mal que não sabia, até pouco tempo, sofrer dele. Sofro da falta de palavras para descrever meus sentimentos. Talvez esse mal já me acompanhe desde a época em que não sabia falar de amor nem admitir amar, mas disso, graças a Deus, já fui curado. Terapia de choque. Bater de frente com o seu medo e perceber que ele veio pra ficar, melhor se acostumar com ele. E, no final das contas, até que ele nem é tão mal assim.

Quando me deixei amar com palavras, percebi que algo se libertava dentro de mim. Um elo de relacionamentos verdadeiros e sinceros se fechava e um leque de oportunidades se abria. Caminhos de um mundo que até então não conhecia bem - a amizade. Mas, se não me engano, já falei sobre isso por aqui.

Hoje enfrento meu medo das palavras que escrevo e espero que disso saia algum fruto bom. ao menos aproveitável. Isso é o que me leva a escrever esse texto sem fim. O medo de terminá-lo.