Um milhão de aplausos...
Pra variar tem algo intalado que não quer sair. Simplesmente aqueles bons momentos se recusam a virar palavras. Não sei que fenômeno é esse em que é sempre mais fácil escrever sobre a dificuldade de se expressar do que se expressar em si.
De alguma forma o impacto que aquela noite no café Tortoni teve em mim foi maior do que simplesmente o de conhecer mais uma manifestação artística e cultural. Por estranho que pareça aquela mulher que cantava versos - por vezes incompreensíveis - transmitiu uma carga de emoção ao seu público que valeu, entenda quem puder, mais que milhões de aplausos.
Talvez tenha sido impressão minha por causa dos meus olhos que mal piscavam, mas sentia como se cada longo suspiro da cantora junto ao som do bandoleón, do violino, piano e baixo formavam uma expressão do que seja o tango para os porteños e não para os turistas.
Tudo era muito bem ensaiado, não havia sombra de dúvidas de que aquele show era feito e refeito noite após noite. Os mesmos versos, os mesmos passos de dança, os mesmos acordes, mas sentimentos sempre genuínos. Sentimentos como os de Manuel Romero em "La canción de Buenos Aires".
Não sei explicar mais poeticamente, nem com uma veia literária melhor. Mas num salão onde alguns nada falavam de espanhol, o sentimento parecia ser o mesmo. O de querer entender como se vive tão intensamente uma arte.
PS. Esse post recebeu o label "morfologia da mente" porque de "O nada e o pouca coisa" ele definitivamente não tem nada.
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